quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

ABOUT LIFE AND TIME // SOBRE A VIDA E O TEMPO

ABOUT LIFE AND TIME

Now, in this moment,
Right now,
I´m realy felling,
Like a seil,
Without nave/sheap

But,
Meanwhile,
I think about it,
The life,
Every lives,
Mine and yours,
Go on.....
And ´cause this fact,
I keep myselfe,
Moving on.

Márcio Castro 27/12/12


SOBRE A VIDA E O TEMPO

Agora, nesse momento,
nesse exato momento,
Eu realmente me sinto,
Como um marinheiro,
Sem barco

Mas,
Enquanto isso,
Eu penso sobre isso,
A vida,
Todas as vidas,
A minha e as suas,
Que seguem.....
E por isso,
Eu sigo mudando.

Márcio Castro 27/12/12

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

BABEL



Somos todos,
Gente fina,
Educados,
Inteligentes,
E de boa linhagem......

Acontece....
Que a língua,
De nossos interesses,
Individuais,
Inviabiliza,
Uma compreensão,
Um acordo,
Uma verossimilhança.

As nossas semânticas
Jamais chegaram,
A uma afinidade,
A um acordo.

Assim,
Morre-se a árvore-mãe,
E ficam-se os frutos,
Com os mesmos sabores,
Dissabores,
Gostos,
Ranços,
E outras,
Imperfeições.

Márcio Castro, em 25/12/12

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

SOBRE A DÚVIDA



O que é de mim,
Não sei.....

O que é meu,
Perdi......

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

SOBRE AS COISAS E SEUS VALORES


Eu não quero muita coisa,
Nem me importo com tanta coisa....

As coisas......
Essas tantas.....
E essas poucas.....
Que me chegaram.....

E tenham sido todas elas..
Por conquistas......
Ou por merecimento.......

São todas elas,
Coisas.......

Bem vindas,
Bem quistas,
Bem recebidas,
E devidamente....
Agradecidas.....

Mas a mim e mim,
Pesa-se outras COISAS,
Valores outros,

Mais vale a gratidão,
Que propriamente,
A coisa,
Ou,
As coisas.....

Visto e posto que....
Só agradece-se,
O que se tem.....

Assim a gratidão,
Está aquém das coisas,
Numa ordem muito lógica,
Precisa e exata,
Na definição maior,
Do conceito físico,
De espaço e tempo.

Porque mesmo que,
Com todo desejo,
Com todo empenho,
Com todo trabalho,
Com toda raça,
Seja lograda a conquista,
De coisa,
Ou,
De coisas,
Qualquer, ou quaisquer,
Que sejam.....

O ato de gratidão,
Ou seja,
Agradecer por si só,
Presecinde do objeto....

Não se agradece a promessa,
Agradece-se o fato,
Que no caso dos religiosos,
O fato é promessa,
Não se deposita ex voto,
Para uma graça não alcansada...

Isso é lógico,
É puramente racional,
E para finalizar essa história,
Eu me aprorio de uma frase,
Que provavelmete alguém já tenha criado,
Pois seria eu muito pretencioso,
Ao dizer que estivesse lançando-a.

A frase é essa.......
“Não pode-se agradecer àquilo que ainda não se tem”

Márcio Castro em 10/12/12

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

SOBRE A NUDEZ E SUA IMPOSSIBILIDADE DE RETORNO


Para minha amada Carolina Abreu

Quando eu pensar,
Quando ensaiar,
Enganar-te,
Que antes me revista,
De toda verdade possível.

Que seja tão verdadeira,
E verossímil a minha dor,
A minha angústia,
A minha inquietação,
Que por um instante,
Faça-te vacilar na leitura.

Para enganar-te,
Burlar sua inteligência,
Não bastam minhas birras de menino,
Nem meus ciúmes infantis,
Nem meias verdades,
Nem personagens,
Homônimos,
Heterônimos,
Ou coisas,
Quaisquer.

Porque por mais que tente,
Todo o meu texto,
Estará sempre....
Entrelaçado,
Emaranhado,
Impresso,
Inscrito,
Xilogravado,
Xerocopiado,
Fac-símile,
Ao seu.

Ainda que em pedra,
Papiro,
Papel,
Silkscreen,
Html,
Jpg....
Ou extensão qualquer...

A minha fuga,
É inútil,
É impossível.....

Márcio Castro em 07/12/12

O POETA DAS CURVILÍNEAS


Dedicado a Oscar Niemeyer

O menino que travaça linhas no ar,
Num gesto inocente e pueril,
E que ao ser indagado por isso,
Quando sua mãe se mostrava curiosa,
Respondeu: “Estou desenhado.....”

E nesse gesto inocente e infantil,
Não sabia o menino Oscar,
Que já estava desenhando,
As linhas do seu destino.....

A física defende,
Que toda reta se curva,
Assim, mesmo que se busque a perfeição,
Ela está naquilo que se inclina,
Que não é reto,
Nem absoluto.

São nas curvas que se revelam,
As belezas da imperfeições,
E nelas, o poeta inclinou sua genialidade,
Na sapiencia, de que tudo se curva.

Na observação óbvia de seu habitat,
No erotismo do vai e vem das ondas,
Nas curvas do corpo humano,
Resolveu criar sua arte.

Dessa forma, firmou-se no mundo,
Tornou-se sujeito,
E sujeitou muitos à sua arte,
Às suas curvas,
Às sua visões,
À sua forma de ver o mundo.

Ao poeta do concreto,
De curvas e impossíbilidades,
Possíveis,
Ao homem,
Ao comunista,
Ao humanista,
Ao gênio.......
Nossa reverência.

Em um poema de Drummond,
Onde esse poeta escreve,
Sobre si mesmo:
“Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.”
(Poema de sete faces – Carlos Drummond).

Pesso lincença para plagiar e dizer:
Vai Oscar!
Redesenhar o infinito!!!!

Márcio Castro em 07/12/12

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

SOBRE O AMOR E OUTROS SENTIMENTOS INEFÁVEIS


Sobre o amor e outras mazelas,
Confesso caro leitor,
Que em nada, ou quase nada,
Poderei ajudá-lo.

Quanto às mazelas,
Até ensaio a dizer-te algo,
Mas quanto ao amor,
Quanto a esse, não sei,
Ou não possa,
Ou não deva,
Ousar pronunciar,
Coisa qualquer.

Para mim,
Amor é tal qual a fé,
É coisa logicamente inaceitável.
É produto do desejo humano,
De tralhar seus recalques.

Assim, assumo minha inveja,
Perante aos que amam,
E possuem fé.

Eu, pelo meu turno,
Sou tomado pela razão,
Pela materialidade das coisas,
Amor e fé, por sua própria determinação,
Se definem como substantivos abstratos.

Já o material e concreto,
Chegam a mim de forma implacável,
Dor de cabeça,
Febre,
Diarréia,
Náuseas,
Enjôos,
Vômitos,
Refluxos.....

Isso já foi concreto,
Já se fez real,
Enquanto experiência,
E vivência

Mas o amor,
A fé,
Seus benefícios,
Seus sabores,
Ou desabores....
Nunca os soube de veras,

Que cor?
Que cheiro?
Que textura?
Teriam o amor e fé?

Márcio Castro em 03/12/12 (18 dias antes do fim do Mundo)

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

TELAS E TEXTOS


Quando você voltar,
Encontrará tudo no mesmo lugar,
A pia lotada de louça suja,
Nada no seu devido lugar,
E eu no meio da confusão.

Quando você voltar,
Não vou me furtar,
De um bom motivo,
Pra discussão,
Assim estarei eu,
Estará você,
No mais cabal cotidiano.

Em todos esses anos,
Meses, dias e horas,
Não seríamos nós,
Tão dissonantes,
E oníssonos,

Está tudo tão caótico,
E dispostamente harmônico,
Como uma obra de Basquiat,
Confuso e inefável,
Como uma tela de Monet,

Tão vivo,
Pueril e enigmático,
Como Miró e Bandeira,
Traduziriam em suas telas.

Entre telas e textos,
Estaremos nas entrelinhas....

Márcio Castro em 08/11/12

POESIA NOVA



A poesia nova,
Vem como um sopro de vida,
O tocar de dedos,
Do criador e a sua criatura,
Como na capela cistena,
De Leonardo.

É texto,
É intertexto,
É leitura,
É releitura,
É um novo olhar.

A poesia nova,
É cheia de velhices,
É como tecer uma roupa,
A mesma que antes,
Era confeccionada,
Em cambraia de linho,
E hoje se confecciona,
Em tecido sintético,
mas qualquer o tecido,
Ainda assim,
É texto,
Arraigado do velho,
Apresenta uma nova estampa,
Nova textura.

Porque o desejo de expressão,
É o mesmo.

O que outrora,
Era expresso na pedra,
E depois no papiro,
E enseguida no papel,
E hoje em bits e byets,
É texto.

O que antes,
Exigia deslocamento,
Para uma simples contemplação,
Hoje é global.

Hoje Paris é aldeia,
E Jericoacora é metrópóle.

Márcio Castro em 08/11/12

CIRANDA DO SÉCULO XXI


Nessa ciranda:
Ninguém gira,
Ninguém roda,
Ninguém dá as mãos.

Nessa ciranda:
Ninguém,
Come,
Ninguém.

Ninguém ama esse,
Nem aquele,
Nem o outro....

Que morreu,
Não se base,
Porque motivo,

Pra entrar na roda,
Na ciranda,
Basta tão somente,
Fazer um login,
Ficar online...

E esperar....

Márcio Castro em 04/11/12

O TUDO E A FALTA

Para quem quer TUDO....
O TUDO basta,

Para mim....
TUDO é POUCO...
Ou ficou faltando....

Sempre FALTA algo....
Porque a FALTA,

É o combustível do DESEJO.
E o DESEJO,
É um tanque de combustível,
Sempre na reserva...

Márcio Castro em 30/10/12

A SECA



Sol,
Espinhos,
Velame,
Macambira,
Mandacarú,
Xique-xique
Pé de cana,

Terra rachada,
Falta d´água,
Res magra,
Definhando...
E na beira da estrada,
Carcáça de gado exposta,
Urubu pousando,
Matuto triste,
Encabrunhado,
Impotente,

E desespero,
E falta de tudo,
E a seca de tudo,
E a seca da esperança,

Tem nada não,
Tem pressa não,
Um dia isso tudo,
Há de mudar....

Só não muda,
O Carcará,
Que está sempre lá,
Pomposo,
Pleno,
Rei,

O sistema pode,
E sei que pode,
Acabar com tudo,
Inclusive com a gente.

Mas é certo também,
Que ainda que o povo não vingue,
Há de haver um carcará,
Que vingará por nós...

Porque Sr. Graciliano,
É tudo tão seco,
Inclusive a VIDA.


Márcio Castro em 01/11/12

domingo, 4 de novembro de 2012

ORAÇÃO SEM PRECONCEITO



Que Deus me livre,
E me rechace de todo mal,
Que esse mesmo Deus,
Me oferte sabedoria,
E discernimento,
E que não me castigue.

Que Deus me livre,
De faltar com respeito ao meu semelhante,
E de que o mesmo não me falte com respeito,
E vivamos e sigamos juntos, lado a lado.

Que Deus me livre,
Da Ira,
Do Ódio,
Do preconceito,
Da intolerância,
E principalmente...
Da IGNORÂNCIA

Que Deus me livre,
Da guerra,
Da fome,
E de sua Ira.

Que Deus me livre,
Da hipocrisia,
Da desfaçatez,
Da ironia,
E do dissimulado,

Que Deus me livre,
Da FÉ CEGA,
Da Ideologia,
Do FUNDAMENTALISMO,
Da IMPIEDADE HUMANA.

DEUS....
Seja você.....
O Deus da criação,
Pintado na Capela Sistina,
Por Michelangelo,
Seja você....
Shiva,
Oxalá,
Oxúm,
Xangô,
Maomé,
Satã,
Santo Daime,
Buda,
Kardec,
Stalin,
Hitler,
Luther king,
Gandhi.......

Seja você quem for,
Ou o que seja....

Livrai-me de todo mal.

Márcio Castro em 05/11/12

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O RIO QUE CORRE



O rio que corre em mim
Não o mesmo que corre em ti
Tão pouco é para sempre,
O mesmo rio

O rio que corre em mim
Hora seca
Hora é perene
Outrora transborda

O rio que corre em mim,
É simplesmente,
Água se fazendo,
É inefável
É translúcida,
É movimento puro.

O rio que corre em mim,
É vida,
É um pulsar de coisa qualquer,
Que eu nem sei,
E talvez nem queira saber
Mas desejo que se faça

O rio que corre em mim,
São seus peixes,
Seu lodo,
Suas linhas,
Seu percurso,

Que me levam,
Para o mistério,
Mistério da vida.

Márcio Castro

30/10/12

terça-feira, 23 de outubro de 2012

ILUSÃO DE ÓTICA



Porque nem tudo que escrevo é verdade,
Nem tudo que sou me completa,
Tão pouco tudo que é
Verdadeiramente se confirma,

Assim,
A mentira,
A dúvida,
E a falta da verdade....

Continuam,
De forma tal
Que não sei
Tecendo...

Aquilo que nem eu memo,
Consigo transpor,
Numa trama entrelaçada
De linhas
Que se faz e forma-se
O tecido

E o tecido....
O que se teçe é teia,
O que se teçe é texto,
São linhas...
E entrelinhas...
Que se cruzam,
Se congruem
E se fazem

São novelos,
Linhas,
Laços,
Formas....

São cadeias
E prisões da alma,
É tudo,
Tudo aquilo,
Que de mais simbólico
Se restringe,
E se cala,
E por isso...
Nos revela...

É a revelação,
É o nesnudamento,
Do índio,
Diante da pólvora,
Do espelho,
E do escambo...

Que opção teria você?

LE POÈME DE L´AVENIR



O que eu espero
É um canto novo
Dissonante...

Um canto que provoque
Em mim
A vontade de cortar os pulsos
No mesmo instante
Que me afaga a face

O que eu quero
O que espero
Ainda não nasceu

Está por vir

Márcio Castro

domingo, 14 de outubro de 2012

TUDO QUE É SÓLIDO DERRETE



Tudo muda,
Porque tudo pende,
E tudo está suspenso,
Inclusive os sentimentos.

Felicidade hoje pra mim,
Deixou de ser,
Um substantivo abstrato,
E fez-se concreto,
Palpável
Objeto.

A felicidade hoje
Bateu em minha porta
Porque havia de ser

Bateu,
Entrou,
E encheu-me de luz
E tudo brilhou

Atravessando o umbral
De minha porta
Juntamente com amores antigos

Veio-me até a mim
Todo
Inteiro
Pleno
E sem o ranço
E o rancor
Da qual a vida
Regala-nos com o tempo

Veio todo
Puro
E pueril
E de graça
E sem medo

O meu o meu
Mais novo
AMOR
Da vida toda

Veio-me
Como um anjo
E se denomina
RAFAEL

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O PULSAR DA POESIA



A poesia de agora,
É tão somente,
O vômito
Daquele que até a pouco
Ruminava, anunciava o refluxo
Por conta da asia
Da gastrite
Da úlcera.

A poesia de agora,
É tão somente,
O cuspe,
A secressão
O catarro,
O pus
Daquele que ha pouco
Sofria com sua tuberculose

A poesia de agora,
De ontem,
De amanhã,
Ou de depois,
Ou de antes,
Do tempo físico
E cronológico,
Do tempo metafísico,
E imensurável,
É tão somente,
A vontade,
O desejo.

Da expressão

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

POEMA DO TEMPO


(PARA AIRTON MONTE)


Chronos
Cronologia
Cronograna
Crônica

......................................

O tempo parou
E deu passagem
Ao poeta Airton

O chronos
O tempo
Ou coisa que o valha

Agora será
De forma outra
Vista
Mensurada
Interpretada
E replicada
De forma outra

Misteriosa
Mas o peota
Sabiamente
Encontrará
A linha certa
Ou torta
Até mesmo....
Imaginária.

Márcio Castro

domingo, 19 de agosto de 2012

A VELA



Candel
Candela
Candeia

Ou só parafina
Ou só resina
Ou só cera

Quando acesa
É fé
É promessa
É espera

É fogo
É sólido
É derretimento
É inflamável

E tudo acende
E tudo apaga
E tudo dura
O tempo que lhe reserva

E tudo finda
E tudo derrete
E cria rugas
E tudo apaga

sábado, 14 de julho de 2012

A REALIDADE DAS COISAS


As coisas,
E tudo o que nelas habita,
E a elas se somam, representam,
E as traduzem..... Não passam,
De meras representações holográficas.

As coisas,
E suas realidades,
Concretudes e objetividades,
Habitam, somam,
Representam e traduzem,
Naquilo que se gera no gozo,
O gozo da realização,
Realização das coisas.

Tudo que se imagina, sonha,
Almeja, alveja,
E que não se faz dessa forma,
É matéria indigesta.
É ferida que nasce n’alma,
É trauma, é recalque,
É o que incomoda
É aquela pedra no sapato
É o mal estar instaurado

Aquilo que coça,
Arranha, maltrata,
E que não tem fim.

Eu poderia dizer,
Coisas mais,
Mas fico por aqui.
No que se refere às coisas,
Por esse momento me calo.

E por isso
Fico com as minhas coisas,
Com todas elas,
As recalcadas ou abortadas,
As realizadas e gozadas.........

Isso me basta,
E sejam elas como forem,
São minhas,
E somente minhas....

E suas coisas?
Onde estão?


domingo, 8 de julho de 2012

SOBRE NASCER E A VIA CRUCIS



Pessoas nascem,
Pessoas são,
Porque nascem,
Idiota constatação

Nascer não é o problema,
O problema reside em viver,
Aquela coisa do rebento...
Rebentar e vingar,
E buscar por toda sua existência,
O que fazer com isso.

Depois que se nasce,
É tudo estranho,
É tudo fardo,
É tudo caro,
É tudo incerto
É tudo medo

Nascer é coisa que não se pede
É arbitrariedade pura e concreta
É coisa que não se contesta

Morrer é fato,
É certeza.

Porém a morte
Não se nos revela arbitrária

Com ela podemos jogar
O periogoso jogo
Do livre arbritrio,

Morrer é inesperado,
Para quem espera.
E um evento,
Para quem a planeja.

Assim foi,é e será
Que nos diga Cleópatra,
Getúlio Vargas,
Florbela Espanca,
Deleuze,
E os Kamikazes
E outros tantos, muitos.

Morrer ou viver,
Para isso estamos ai,
Ainda,
Até enquanto pulsa.

A verdade,
É que enquanto eu escrevo
E enquanto alguém ler
Outro alguém já morreu,
E outro acaba de nascer

E o bom ou ruim,
Dessa conversa,
É o concenso,
De que tudo finda
Tudo “completa seu ciclo”

E o mundo.......
E o mundo não se acaba.

E isso era tudo.
Tudo o que eu esperava.
Mas algo em mim,
Ainda pulsa.

domingo, 1 de julho de 2012

SOBRE PAPIROS, GUTEMBERGE, A IMPRENSA E O TABLETE ( PRA NÃO DIZER TABLET)


Eu não te peço muito
Somente que large minha mão
Justamente na beira do abismo

Se caso eu escape
Por motivo qualquer
É porque tudo é
Ou haverá de ser

É porque não havia de ser
É porque algo devia ser partido
Seja entre eu e você
Seja entre eu e o mundo

Tudo se parte
Blocos de concreto
Placas de metal
Membros, tecidos
Células

Dividir
Transformar
Reagir
Refazer
Ressuscitar
Reencarnar

Tudo isso
Isso tudo
É discussão
Que a nada nos leva

É como postar algo no facebook
É como esse texto
Que será postado nessa ferramenta
E só será agora

Se leu, bem
Se não leu, passou
E nem se compara ao jornal impresso
Que ao menos servia de embrulho

E que nesse embrulho
De um jornal passado
E que ainda fosse
Embrulhado num peixe
Ou numa alface
Servia de encantamento

Para àquele que
Reclamava por noticias
Por leitura
Por letra qualquer

Por aquele
Que fazia do jornal seu leito
Seu manto, seu lençol, sua coberta

Pela materialidade do papel
Por tudo que se toca
Que se sente
Que se escreve
Que se nos inscreve

Pelo objeto
Pela coisa em si
Por aquilo que se carrega no braço
Pelo manuseio, pelo uso e o desgaste

Por aquela mania inexplicável
De passar folha por folha
Por passar a saliva no dedo
E deixar seu registro
Num rabisco, numa folha dobrada

Pelo aditos românticos
Pelos últimos românticos
Por aqueles que, só não leem
Por aqueles que cheiram
Por aqueles que tocam com respeito
Por aqueles que usam rosas como marcadores

Por esses
Por aqueles
Por todos outros
Por quem estará por vir

domingo, 10 de junho de 2012

SOBRE O ÉDIPO E OUTROS MALES


É tudo um olhar
Uma mirada
Uma visão
Uma sujeição
Um modo singular
E sujeitável
De ver as coisas

É a sua noção
Que muitas vezes
Não agrada ao outro
E nem possui essa intenção

É arte
Será arte?
É o que?
Que será?

É produto
É matéria
É concreto
É razão

É elaborção
É escárnio
É subproduto
É necessário

É o que se faz
É o que nos é
É o que nos faz
É o que somos nós
E nossos nós

É tudo isso
E mais aquilo
E ainda o que esqueçi
E o que faltou

E o que meu inconsciente
Não deixou passar
Aquele escâncalo
Aquele inadimissível

Aquele e aquilo
Que é profundo
Torto e recalcado
Aquilo que diante da razão
Nos recalca

O Édipo
Sempre mal resolvido
Mal elaborado
Mal aceito
E necessário

quarta-feira, 30 de maio de 2012

NO SOFÁ DA HEBE - RECEBENDO O FRACASSO....


Mesmo que tudo falhe,
E que as coisas não sejam,
Nem se façam....
E que no fim de tudo....
Me venha o fracasso...

Ainda assim,
E só dessa forma...
Poderei proceder de forma tal,
Que não poderia ser diferente....
Seguirei e a recebei,
Com toda pompa,
Toda gloria,
Toda honra,
Comment il faut.

..................................................

E diante de ilustre conviva,
Colocarei a chaleira no fogo,
Verificarei as cubas de gelo,
Farei a conferência minuciosa,
Do meu estoque de bebidas.

......................................................

Café eu terei,
Dos melhores grãos,
Destilados e fermentados também,
E das melhores procedências.

Porque receber é....
Acima de tudo,
Um ato contínuo
E extensivo do sujeito de cada um...

............................

E assim,
E como for ou seja...
Ainda que me bata a porta o fracasso...
Não poderei me desfazer,
De tal honra.

E com toda pompa,
E de toda glória,
Que me traduz,
Recebê-la-ei em meu lar,
Com toda dignidade merecida.

E certo de que dessa gentileza,
Sacarei como saldo,
Elementos indispensáveis,
De tudo que se me fez
E se me faz
E se me é

De tudo aquilo que,
Enquanto pulsa,
Enquanto vivo,
Enquanto existo,
Enquanto valho,
Se me resta.

Porque quem lhe reclama,
Reclama por algo...
Algo que é seu.

E não seria diferente com o fracasso.

Algo que você,
E que somente você,
Consigo mesmo,
É capaz de rechaçar,
Ignorar,
Ou ceder

..............................

O que é seu,
Ou se fez ou faz-se seu,
De nada mais ninguém será.

E se o fracasso,
Bater em minha porta....
Comerá e beberá do melhor,
Como se estivera em Pasárgada,
E fora amigo do Rei.

Terá tudo
E todos
E o que não se encaixa em tudo,
Nem em todos,
Não se terá,
Por falta de merecimento.
Afinal,
Não se pode tudo ter,
E isso não seria privilégio,
Do fracasso

Visto que,
Segundo Plantão,
Morre-se,
Quebra-se,
E finda-se,
O objeto.
E nada menos que isso.
Visto que a ideia,
Permanece viva.

E eu não sou objeto,
Sou sujeito,
E não sujeitado,
Sou a própria ideia
Sou o que não se apaga,
A certeza do que se refará,
Ainda que fragmentado seja.

Cabreiro e meio Adriano de Vidas Secas,
Chegará a mim o fracasso,
Mas não terá a mim
Muito menos a tudo e a todos,
Tão pouco,
Ao que me convêm.

A certeza,
E tudo que se possa imaginar,
Desse confronto,
É o que direi a seguir.

.....................

Ao acionar a campainha,
Será bem acolhido,
Isso é bem verdade,
Pois,
Passado o umbral de minha porta,
Todos são amigos do rei,
Ainda que não viva em Pasárgada.

Porque prescindo de linhagem,
E isso se me constrói,
Se me faz,
É o que sou.

Para findar e resumir:
Nos cumprimentaremos,
Sentaremos e beberemos,
Seremos, por assim dizer,
Civilizados?

Conversaremos,
Por horas a fio.
..........................

Ninguém comerá ninguém,
Ficaremos diante da realidade,
Pasmados e contemplativos,
E reais.

E tudo será pequeno,
Pouco,
Ou insuficiente,
Frente a tudo o que,
Potencialmente poderia ser.

...................

Assim,
Terminará tudo.

As xícaras serão recolhidas,
O café já terá sido devidamente consumido.

E as coisas.....
Ah.......
As coisas tomarão seu rumo,
Como sempre foram,
São....
E terão de ser

........................

O fracasso terá batido em minha porta,
Terá sido dignamente bem recebido,
E por isso,
Dar-se-á por satisfeito.

E dessa forma,
Seguirá seu rumo,
Sua trajetória absoluta,
Rechaçável e ignóbil,
E sem mais por quês!!!!
Passará.

Assim como tudo passa,
Como o tempo,
Suas cinzas e suas horas.

Horas que não são minhas,
Nem suas,
Nem de ninguém,
E sim, do poeta.

Observação:
Peço desculpas,
Sinceras desculpas,
Já comentei vários crimes literários,
Parafraseei,
E roubei ideias geniais,
De gênios tais,
Que não me cabem citá-los,
Para não empobrecer,
Ainda mais esse texto

Mas confesso....
Que não seria digno,
Terminar tudo isso,
Sem uma citação
De uma das canções,
Da mais genial e recente,
Contemporânea cantora,
Marginal que conheci,
Nos últimos tempos:
Miss: Amy Winehouse

“And in your way
My deep shade
My tears dry on their own”

(Amy Wine house.)

ça me suffit.


Márcio Castro

Em 30/05/12



terça-feira, 22 de maio de 2012

NÃO ESPERE

Não espere por mim
Nem por Deus
Nem por você mesmo
Muito menos por ninguém

.............................

Estamos todos muito ocupacos

Não espere que as coisas se arrajem
Não espere a harmonia das coisas
Tudo já está arranjado e harmônico
Creia nisso

Se não estivesse
Tudo arranjado e harmônico
Não estaríamos aqui
Um cataclisma já se havia nos levado

Nada restaria

O que oscila,
O que balança,
O que samba,
O que duvida....

É o que reside
Em cada um de nós
E entre nós
E por sobre nós

E que são, na verdade
Os nossos próprios
Nós
E que, ainda no fim
Somos nós mesmos

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Calçadas 11 Haikai

A poeira das calçadas

Relevam e revelam

Os caminhos de quem as pisam

quinta-feira, 22 de março de 2012

ÚLTIMO OUTONO

A pesar do fim de agosto e de todas as folhas mortas caídas
E ainda assim o início da primavera e o começo de setembro
Ainda não me vejo pronta para renascer.

Algo ficou nesse entremezzo, algo que não sei
Que se quebrou, que busco e não encontro.
Folhas perdidas ao acaso, que nunca voltarão.

Frondosa fora outrora, com folhas e flores fartas.
Hoje me resumo a esse caule seco e esturricado
A essa falta e insuficiência de tudo.

Antes admirada, agora não me resta quase nada
A não ser esse tempo que não cessa
Que se resume nessa ida sem volta
A esse tempo, inesgotável, inexorável e imprevisível
Da qual fez-se a minha altivez de antes

De toda aquela glória
De toda aquela admiração dos passantes da rodovia.
O que houve com toda aquela glória dantes?
E o que é glória diante de ti tempo?
O efêmero é o que já se foi e não volta mais

É a verdade desse último outono que me resta
Tanto quanto essa certeza
De que não mais serei frondosa
Plena, admirável e ilusoriamente eterna.

Tempo, tempo, tempo.
Porque passastes por aqui e me tirastes a glória?
Serás real ou imaginário?
Serás concreto ou abstrato?
De que serás feito tu, tempo?

Por mais que o mensuremos
Eres fugidío e arisco
Cruel e implacável.

Enquanto estou aqui perdendo
O que me resta de ti Tempo
Tu, Tempo, se faz a todo instante.

Me foges por todas as frestas
Por todas as gretas
Por tudo o que pulsa.

E quando tudo finda
Tu te fazes tempo?
O que acontece enquanto isso?

Que tempo terão os mortos?
O tempo da decomposição?
E depois disso?
O que fazes tu, tempo?

Existes ou resistes?
Dependes de algo, tu, tempo?

Essa coisa toda de ser
Enquanto tempo
Essa ida sem volta
Isso que já foi e que já não é mais.

Tempo.

Ao piscar meus olhos tu te fazes tempo
Num bocejo
Numa espera
Numa espreita.

Tempo, tempo, tempo.

Na cara do ator
Que já não pode interpretar o mocinho
Tu te fazes tempo.

Nos que vão correr atrás do tempo
Noutros que possuem seu próprio tempo
Ainda assim
Ainda há quem diga que existe tempo pra tudo.

Em quantos, tu, te desdobras, tempo?
Há tempo pra ti?
O que fazes com teu tempo?

Cansei
Tentei roubar-te com todas essas perguntas
Mas ao final constato que só perdi.
Tempo.

Que questionamentos haverás de ter tu, tempo?
Que fazes com teu tempo livre, tempo?
E com tuas horas vagas?
Todos o dias fazes a tua cesta, tempo?