quinta-feira, 28 de agosto de 2008

SUJEITO

Macho, fêmea
Porco, porca
Cão, cadela
Cavalo, égua
Poca, parafuso
Homem, mulher

Quase uma charada desvendada
Quase um reboco perfeito
Quase um hímen imaculado

E o caos?
E a diferença?
E o que nasce e cresce?
E o que nunca é igual?
E as influências?

E O SUJEITO?
Como se constrói?
Como se destrói?
Como se castra?

Macho, fêmea
Porco, porca
Cão, cadela
Cavalo, égua
Poca, parafuso
Homem, mulher

Completam-se assim
Como nesse verbo reflexivo
E por quê esse verbo reflexivo?
RE - FLEXIVO

Porque tudo está a ponto de voltar atrás
Essa ré que nunca é dada
Essa marcha que nunca anda
Esse rever que nunca é visto

E O SUJEITO?

Está ai, e o SUJEITO?
Por quê SUJEITO?
Por que é sempre passível de um olhar
Se não, não seria SUJEITO
Porque o sujeito se Sujeita
E isso basta
Porque é passível de sujeitar-se

Do tapa à cara
Da lama, da casca da banana

Assim como a vida é ordinária
Assim como acordar e fazer café
O que foge disso é sujeito a algo
A um olhar crítico
E por isso extraordinário
É tangente que gera algum caos
E faz o motor da vida girar

E O SUJEITO?
Onde eu finco o SUJEITO?
È possível fincá-lo?

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A VERSÃO

Aversão ao que foi dito
O dito ao avesso
A versão
Aversão

O dito não pode ser repetido
Já foi
Já é
Escapou
Quem pegou?

Tentar dizer o dito
É impedir que outrem construa
Deixa, deixa o outro pensar
Elaborar, construir
É necessário.

CALA-TE



“Não existiria som se não houvesse o silêncio”
Lulu Santos


SILÊNCIO
Palavra exata
Semanticamente inconfundível
O contrário do rebento
O efeito da castração

SILÊNCIO
Maldito o silêncio
Que tudo cala
Que tudo encerra
Semente improdutiva
Ventre infértil

SILÊNCIO
Há uma impossibilidade
Em descrever o silêncio
Porque toda palavra se faz
E a palavra silêncio
Quando se faz
O vazio entra em cena

Deveria existir um silabário
Específico para o silêncio
Mesmo a escrita braile
Faz-se movimento
Que começa com os dedos
E termina na interpretação

SILÊNCIO
CALMA
ESTAMOS NUM HOSPITAL

SILÊNCIO