quinta-feira, 25 de novembro de 2010

MULHER – MEU OITAVO HAI KAI

Eu sou X, você Y
X contem Y, eu te contenho, você me pertence
E eu te devoro

domingo, 21 de novembro de 2010

PALAVRA - MEU SÉTIMO HAI KAI

Enquanto escrita, ditado
Enquanto dita, expressão
Enquanto sentido, vida.

domingo, 14 de novembro de 2010

SERTÃO - MEU SEXTO HAI KAI

No semi-árido é assim
Tudo arisco e belo
E é daí que se colhe a poesia

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O SOL - MEU QUINTO HAI KAI

O sol, é tão em si forte, pleno, soberano e vital
Que se converte numa grande metáfora
No sol se inicia e se encerra a própria vida

O BROTO VERBO - MEU QUARTO HAI KAI

O broto vinga, e o verbo se faz vida no PRESENTE
As folhas caem, o caule murcha, e o verbo se faz vida no PRETÉRITO
E a vida circunda-se

O DOCE AMARGO - MEU TERCEIRO HAI KAI

Quem um dia me disse
Que o amor se deve senti-lo e vivê-lo
Nunca provou o doce amargo da solidão

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O CACTO ( MEU SEGUNDO HAI KAI)

O cacto e seu espinho
Defesa e sobrevivência
Viver nem sempre é só flores

sábado, 30 de outubro de 2010

POEMA MUDO

Poesia surda

O VENTO (MEU PRIMEIRO HAI KAI)

O vento sopra da janela
Forte ou fraco
Ele sempre me arrebata

sábado, 10 de julho de 2010

MIGAS

¡Migas!
¡Dámelas!
¡Dámelas todas!
Cualquiera que sean ellas
Trozos de pan
La comida hecha anoche
Tengo hambre
Tengo sed
Tengo ansiedad

¡Migas!
¡Dámelas!
¡Dámelas todas!
Cualquiera que sean ellas
Una raya de mirada
Una sonrisa
Una señal de cariño
Tengo anhelos
Tengo tristeza
Tengo añoranzas

¡Migas!
¡Dámelas!
¡Dámelas todas!
Cualquiera que sean ellas
No me hurtes de aquello
Que para ti se traduce en sobras
Y que para mi se revela vital

Dame las migas
Seas humano compasivo
Hazme vivir un poco más

sexta-feira, 4 de junho de 2010

CE QU´ON ATTEND

O que espero é sempre,
O que há em mim mesmo
E teimo em buscar em outrem
Memórias compartilhadas
Que no fundo, são, só minhas
E que insisto em dizer que as vivi com outrem
Memórias de um passado
Que persiste em se fazer presente
Aquilo que rói, que range, que grita
Que vai e volta
Como não sei o que
Aquilo que só eu sei
Que me mata
E também me ressuscita
Com suas doses homeopáticas
De lembranças.

sábado, 29 de maio de 2010

Dimitri

Ou Poema para quem não foi

Di-me
Dimitri
De onde vens
Pra onde vás

Me fala das coisas
Dessas todas
Que eu já me esqueci

Me fala da origem
De ser enquanto espera
De ser anseio puro

Eu já me esqui
Como é está ai?
Que ânsia te consome
Quais as expectativas?

Oh Dimi
Di-me
Dimitri
Conta só pra mim

Tal você nem saiba
Mas já sou seu
Seu fiel escudeiro

Serei sempre
Aquela sombra de árvore
Que se busca
Nas horas de refúgio

Di-me
Dimitri
Juro que não contarei
Isso que já é
Só meu e seu

Quando teus olhos abrirem
Quando tuas mãos buscarem coisas
Quando tuas gengivas coçarem de dor
Quando os dentes rebentarem
Quando o choro se fizer chantagem

Quando tudo isso for
Nós teremos sempre um ou outro
Na nossa imaginária confraria
Te darei aquele doce
Aquele, que tu mais gostas.
Mesmo que ás escondido
Ainda assim te darei

Cumplicidade Dimi
Dessas que só os homens compartilham
Seremos assim
Um para o outro

Eu te direi muitas coisas
Te declamarei versos
Te contarei histórias

E tu
Ah Dimi
Tu somente terá
A incumbência
De me mostrar
O que é primordial na vida
Aquilo que sempre é esquecido

Dimi
Tu me ensinará
A inocência.

domingo, 16 de maio de 2010

FEZES

Poema dedicado ao grande simbolisa Augusto dos Anjos
Porque poesia não se resume a croisant


Eu quero as fezes
O objeto excretado
Malhado, inútil.
Aquilo que se rechaça
E ao mesmo instante é útil
Aquilo que foi objeto de amor e desejo
E agora, descarte

Fezes, descarte físico e necessário.
E, no entanto objeto.
Impregnado de toxinas
De odores desprazíveis
Fezes

O que se descarta
É sempre útil na mão do artífice
E isso não exclui as fezes
Tragam-me as fezes
Tragam-me todas
De vários tons e texturas

Darei a elas o destino possível
A possibilidade de se reinventarem

terça-feira, 27 de abril de 2010

Eu e os outros

Eu queria parar
Parar tudo
Assim como quem aperta
O botão pause do controle remoto

Assim teria a minha pausa
Aquele tempo só meu
De mais ninguém
Aquilo que seria eu
Menos os outros

Inútil tentativa
Porque eu, sendo assim
Eu mesmo
Não deixo de ser eu e os outros

Os outros
Meus anjos e demônios
Não se consegue desvencilhar
Dos outros

Que torpe a vida
Sempre a mercê dos outros
Porque se é
Aquilo que se sujeita
Somado com aquilo
Que se é sujeitado

E sendo sujeito
Só se pode ser com o outro
Nasce-se só
Morre-se só

Mas é-se com os outros
Os outros
Outros

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

FOLLOW YOU

Onde você estiver
É lá
É lá que eu vou está
Seguindo os teus rastros
Seguindo os teus passos
Seguindo o teu cheiro
É lá
É lá que eu vou está
Não se engane
Não se engane nunca
Que é lá
É lá que eu vou está
Sujeitado a tua sombra
Recolhendo as sobras
As sobras das tuas sandálias
Gastas
É lá
É lá que eu vou está
Atento a qualquer suspiro
A qualquer vacilo teu
É lá
É lá que eu vou está
A espreita
A espera
Ao que resta
Pela réstia
Do que advém de ti
Por uma fagulha qualquer
Pelo mínimo que se encerra em ti
Pelo teu pulsar
Por o que é
Por o que nunca será
Por ser
Só assim e simplesmente
Pelo o teu
Pelo o meu
É lá
É lá que vou morar
No teu desejo
É lá
Que eu sempre vou está
É lá
É lá que eu morar