segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O RIO QUE CORRE



O rio que corre em mim
Não o mesmo que corre em ti
Tão pouco é para sempre,
O mesmo rio

O rio que corre em mim
Hora seca
Hora é perene
Outrora transborda

O rio que corre em mim,
É simplesmente,
Água se fazendo,
É inefável
É translúcida,
É movimento puro.

O rio que corre em mim,
É vida,
É um pulsar de coisa qualquer,
Que eu nem sei,
E talvez nem queira saber
Mas desejo que se faça

O rio que corre em mim,
São seus peixes,
Seu lodo,
Suas linhas,
Seu percurso,

Que me levam,
Para o mistério,
Mistério da vida.

Márcio Castro

30/10/12

terça-feira, 23 de outubro de 2012

ILUSÃO DE ÓTICA



Porque nem tudo que escrevo é verdade,
Nem tudo que sou me completa,
Tão pouco tudo que é
Verdadeiramente se confirma,

Assim,
A mentira,
A dúvida,
E a falta da verdade....

Continuam,
De forma tal
Que não sei
Tecendo...

Aquilo que nem eu memo,
Consigo transpor,
Numa trama entrelaçada
De linhas
Que se faz e forma-se
O tecido

E o tecido....
O que se teçe é teia,
O que se teçe é texto,
São linhas...
E entrelinhas...
Que se cruzam,
Se congruem
E se fazem

São novelos,
Linhas,
Laços,
Formas....

São cadeias
E prisões da alma,
É tudo,
Tudo aquilo,
Que de mais simbólico
Se restringe,
E se cala,
E por isso...
Nos revela...

É a revelação,
É o nesnudamento,
Do índio,
Diante da pólvora,
Do espelho,
E do escambo...

Que opção teria você?

LE POÈME DE L´AVENIR



O que eu espero
É um canto novo
Dissonante...

Um canto que provoque
Em mim
A vontade de cortar os pulsos
No mesmo instante
Que me afaga a face

O que eu quero
O que espero
Ainda não nasceu

Está por vir

Márcio Castro

domingo, 14 de outubro de 2012

TUDO QUE É SÓLIDO DERRETE



Tudo muda,
Porque tudo pende,
E tudo está suspenso,
Inclusive os sentimentos.

Felicidade hoje pra mim,
Deixou de ser,
Um substantivo abstrato,
E fez-se concreto,
Palpável
Objeto.

A felicidade hoje
Bateu em minha porta
Porque havia de ser

Bateu,
Entrou,
E encheu-me de luz
E tudo brilhou

Atravessando o umbral
De minha porta
Juntamente com amores antigos

Veio-me até a mim
Todo
Inteiro
Pleno
E sem o ranço
E o rancor
Da qual a vida
Regala-nos com o tempo

Veio todo
Puro
E pueril
E de graça
E sem medo

O meu o meu
Mais novo
AMOR
Da vida toda

Veio-me
Como um anjo
E se denomina
RAFAEL