sábado, 29 de maio de 2010

Dimitri

Ou Poema para quem não foi

Di-me
Dimitri
De onde vens
Pra onde vás

Me fala das coisas
Dessas todas
Que eu já me esqueci

Me fala da origem
De ser enquanto espera
De ser anseio puro

Eu já me esqui
Como é está ai?
Que ânsia te consome
Quais as expectativas?

Oh Dimi
Di-me
Dimitri
Conta só pra mim

Tal você nem saiba
Mas já sou seu
Seu fiel escudeiro

Serei sempre
Aquela sombra de árvore
Que se busca
Nas horas de refúgio

Di-me
Dimitri
Juro que não contarei
Isso que já é
Só meu e seu

Quando teus olhos abrirem
Quando tuas mãos buscarem coisas
Quando tuas gengivas coçarem de dor
Quando os dentes rebentarem
Quando o choro se fizer chantagem

Quando tudo isso for
Nós teremos sempre um ou outro
Na nossa imaginária confraria
Te darei aquele doce
Aquele, que tu mais gostas.
Mesmo que ás escondido
Ainda assim te darei

Cumplicidade Dimi
Dessas que só os homens compartilham
Seremos assim
Um para o outro

Eu te direi muitas coisas
Te declamarei versos
Te contarei histórias

E tu
Ah Dimi
Tu somente terá
A incumbência
De me mostrar
O que é primordial na vida
Aquilo que sempre é esquecido

Dimi
Tu me ensinará
A inocência.

domingo, 16 de maio de 2010

FEZES

Poema dedicado ao grande simbolisa Augusto dos Anjos
Porque poesia não se resume a croisant


Eu quero as fezes
O objeto excretado
Malhado, inútil.
Aquilo que se rechaça
E ao mesmo instante é útil
Aquilo que foi objeto de amor e desejo
E agora, descarte

Fezes, descarte físico e necessário.
E, no entanto objeto.
Impregnado de toxinas
De odores desprazíveis
Fezes

O que se descarta
É sempre útil na mão do artífice
E isso não exclui as fezes
Tragam-me as fezes
Tragam-me todas
De vários tons e texturas

Darei a elas o destino possível
A possibilidade de se reinventarem