quarta-feira, 5 de março de 2008

DE TI

De ti nada sei
Também pudera só te vejo a face
Face explicita que me faz ver
Ver a mim mesmo diante de ti
Tu toda esse figura cubista
Destorcida e cheia de imperfeições
Esfinge a me devorar

De ti quase nada sei
Esse Édipo a me culpar
Essa seda a mi tocar a face
Esse corpo composto de cicatrizes e marcas
Esse olhar profundo e distante
Essa boca carnuda a me tragar

Vejo muito mais a mim que a ti
Quando vejo o teu desejo
Embrulhado numa magia fascinante
Na volúpia de cada gesto
De cada palavra quase dita
Do silêncio profundo
Do proferimento de coisas ininteligíveis
Quando te vejo comendo palavras
Entornando sentidos
Sua garganta seca e amarga
Pigarro que não te deixa
Ostra encrustada na pedra
Pedra atirada na alma

Quando te vejo brincando no vazio
Me sinto um vácuo na existência
Por que abriste a caixa de Pandora
Agora sofres a fúria dos titãs
Pobre inocência disfacelada
Os deuses não perdoam
Os deuses magoam e punem
Sem piedade ou perdão
Porque sofres a ação dos raios de Zeus
Porque es humano e imperfeito