domingo, 1 de julho de 2012

SOBRE PAPIROS, GUTEMBERGE, A IMPRENSA E O TABLETE ( PRA NÃO DIZER TABLET)


Eu não te peço muito
Somente que large minha mão
Justamente na beira do abismo

Se caso eu escape
Por motivo qualquer
É porque tudo é
Ou haverá de ser

É porque não havia de ser
É porque algo devia ser partido
Seja entre eu e você
Seja entre eu e o mundo

Tudo se parte
Blocos de concreto
Placas de metal
Membros, tecidos
Células

Dividir
Transformar
Reagir
Refazer
Ressuscitar
Reencarnar

Tudo isso
Isso tudo
É discussão
Que a nada nos leva

É como postar algo no facebook
É como esse texto
Que será postado nessa ferramenta
E só será agora

Se leu, bem
Se não leu, passou
E nem se compara ao jornal impresso
Que ao menos servia de embrulho

E que nesse embrulho
De um jornal passado
E que ainda fosse
Embrulhado num peixe
Ou numa alface
Servia de encantamento

Para àquele que
Reclamava por noticias
Por leitura
Por letra qualquer

Por aquele
Que fazia do jornal seu leito
Seu manto, seu lençol, sua coberta

Pela materialidade do papel
Por tudo que se toca
Que se sente
Que se escreve
Que se nos inscreve

Pelo objeto
Pela coisa em si
Por aquilo que se carrega no braço
Pelo manuseio, pelo uso e o desgaste

Por aquela mania inexplicável
De passar folha por folha
Por passar a saliva no dedo
E deixar seu registro
Num rabisco, numa folha dobrada

Pelo aditos românticos
Pelos últimos românticos
Por aqueles que, só não leem
Por aqueles que cheiram
Por aqueles que tocam com respeito
Por aqueles que usam rosas como marcadores

Por esses
Por aqueles
Por todos outros
Por quem estará por vir

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