Porque sempre foste tudo
Tudo que eres
E não sabes
Por entender e aceitar
O teu não saber
Segues sendo
porque viver é contínuo
Não muda
Se move
sai daqui
Pra chegar não sei onde
Muitas vezes se quer
Quer chegar
Enquanto estar já basta
Porque o que é
Não se pode mudar
O que muda não são as coisas
Quem muda são as pessoas
Elas envelhecem
As coisas não
As coisas são plenas
absolutas
Intactas e inertes
Assim como são
Tudo aquilo que nos medra
O que nos medra
Nos põe diante do real
Diante de uma existência ínfima
Cara a cara com o que dói
Doer é força motriz da vida
Doer é desgastar a sola do sapato
Porque viver é desgaste constante
Viver é erotismo puro
É morrer e parir a todo instante
É sentir a ferida coçar
Porque para ela própria sarar
Não é o bastante
Há que doer para recompor
A vida nunca foi
E nunca será
Gratuita
Viver é decifrar enigmas
É ler entrelinhas
É nunca se conformar com óbvio
Para mim, óbvia é própria besta fera
Anunciada e à espreita
Eu uso sempre
Palavras sujas
Para tentar limpar
O que em mim me é mais execrável
O escárnio que há em mim
Se esvai como fumaça
Por entre as palavras malditas
É sempre assim
E nem por isso me revolto
Me revolto
Aliás, me re volto
Revoltar é VOLTAR ALTRÁS
Isso não me apetece
Isso nunca me apeteceu
O que me interessa é DEVENIR
O que sempre está pra acontecer
Porque é latente
E eu
Eu sou pulsão pura
Por isso ainda estou aqui
Porque tudo é latente
E tudo pulsa
É sempre assim
O inesperado que me alimenta
E esse inesperado
Me trouxe até aqui
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
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Um comentário:
Acho que sentimos assim, meio parecidos uns com outros. Amei e me identifiquei! A gente vai assim, se comunicando por meio das palavras...
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