BROTAR
E quando tudo parece já ter sido,
Tudo brota,
Brota no peito do homem comum,
Naquele homem do beco,
No homem do gueto,
Naquele da mansarda,
No inútil,
No feroz e inútil valente,
No desvalido.
Brota,
Assim como brotam grãos,
Em grandes plantações,
Assim mesmo, como arroz e feijão,
E soja e milho, ou seja, o que for,
Mas brota,
Seja amor
Seja ódio,
Seja revolta,
Brotar é a grande resistência das coias,
Brotar é fruto do rebento,
Pois quando se brota, se rebenta,
Rebentar é o grande grito de liberdade,
Rebentar é dizer cheguei e estou ai,
Rebentar é incluir-se,
É o mesmo que dizer, eu também,
Rebentar é fato consumado.
E é por isso,
E só por isso,
Que eu rebento,
Todos os dias,
A cada levantar de pálpebras,
Quando vejo e sinto,
Que nem um cataclismo,
Exterminou a humanidade,
Quando tenho ciência disso,
Eu rebento,
E quando isso ocorre,
Tudo é novo,
O dia,
A vida,
E a grande certeza incerteza,
O amanhã,
O outro dia,
E seu mistério.
Márcio Castro em 22/11/2013
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
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